Créditos: Zuma Press Inc./Alamy

    Nesta segunda-feira (13), um pequeno grupo de manifestantes do movimento PauseAI reuniu-se em frente à sede do Departamento de Ciência, Inovação e Tecnologia em Londres, ecoando um clamor que reverberou em protestos simultâneos em cidades como São Francisco, Nova York, Berlim, Roma e Ottawa.

    O objetivo? Exigir uma pausa no desenvolvimento de grandes modelos de inteligência artificial (IA) e pressionar por regulamentações mais rigorosas antes da Cúpula de IA em Seul.

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    Contudo, a falta de consenso sobre as melhores estratégias para alcançar seus objetivos expõe as divisões internas do movimento. Enquanto alguns membros defendem táticas mais disruptivas, como ocupações e manifestações em frente a empresas de IA, outros preferem uma abordagem mais moderada, buscando diálogo e pressão política.

    A Cúpula de Segurança da IA no Reino Unido não resultou em regulamentações significativas“, critica Joep Meindertsma, fundador do PauseAI. “Precisamos de tratados internacionais vinculantes, não apenas de declarações de intenções.

    A principal reivindicação do grupo é uma moratória no treinamento de sistemas de IA mais poderosos que o GPT-4, implementada por todos os países, com foco especial nos Estados Unidos, lar da maioria dos principais laboratórios de IA.

    A proposta inclui ainda um tratado internacional que estabeleça uma agência de segurança da IA, responsável por autorizar novos sistemas e treinamentos de modelos de grande porte.

    Meindertsma se mostra otimista quanto à possibilidade de alcançar seus objetivos, citando exemplos como o Protocolo de Montreal, que eliminou gradualmente os CFCs, e tratados que proíbem armas laser cegantes. No entanto, manifestantes como Oliver Chamberlain expressam dúvidas sobre a viabilidade de uma pausa voluntária por parte das empresas, defendendo a necessidade de regulamentação rigorosa.

    A divergência de opiniões também se manifesta na plataforma Discord do grupo, onde alguns membros discutem a possibilidade de realizar protestos mais disruptivos, como sentar-se em frente às sedes de desenvolvedores de IA ou até mesmo se acorrentar às portas.

    Enquanto isso, Holly Elmore, diretora do PauseAI nos EUA, defende uma abordagem mais ampla, buscando o apoio de artistas, escritores e detentores de direitos autorais, cujos trabalhos estão ameaçados por sistemas de IA capazes de imitar obras criativas.

    Apesar das divergências, o movimento PauseAI tem suas raízes no livro “Superintelligence”, de Nick Bostrom, que popularizou a ideia de que sistemas de IA muito avançados poderiam representar um risco à existência humana. O lançamento do modelo de linguagem Chat-GPT 3, em 2020, intensificou as preocupações de ativistas como Joseph Miller, organizador do protesto em Londres.

    Embora muitos dos organizadores do PauseAI tenham origem no movimento do altruísmo eficaz, eles buscam ampliar o apoio à sua causa, alcançando além da filosofia e conquistando a adesão de diferentes setores da sociedade.

    Enquanto a Cúpula de IA em Seul se aproxima, o futuro do movimento PauseAI permanece incerto. A capacidade de superar suas divisões internas e encontrar um caminho unificado pode ser crucial para alcançar seus objetivos e influenciar o futuro da inteligência artificial.

    Fonte: Wired

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