A novela da aquisição da iRobot, fabricante do icônico aspirador robô Roomba, pela Amazon chegou ao fim nesta segunda-feira (29). O gigante do e-commerce jogou a toalha após enfrentar fortes ventos de escrutínio antitruste na Europa e nos Estados Unidos, classificando os obstáculos como “excessivos e desproporcionais”.
Com o acordo naufragado, a iRobot, sediada em Bedford, Massachusetts, anunciou uma reestruturação imediata, cortando 31% de sua força de trabalho, o equivalente a cerca de 350 funcionários. Além disso, a empresa informou a saída do CEO, Colin Angle, com o diretor jurídico Andrew Miller assumindo o cargo interinamente.
Em comunicado conjunto, ambas as empresas declararam “terem entrado em acordo mútuo para encerrar o processo de aquisição” e expressaram “grande decepção“. A Amazon pagará à iRobot uma taxa de rescisão previamente acordada, cujo valor não foi divulgado.
Vale lembrar que a gigante do varejo online anunciou a compra da iRobot em 2022 pelo valor de US$ 1,7 bilhão em dinheiro. No entanto, o montante sofreu uma redução de 15% após a fabricante do Roomba contrair novas dívidas.
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A Comissão Europeia, órgão executivo e principal responsável por questões antitruste da União Europeia, notificou a Amazon no ano passado sobre sua “visão preliminar” de que a aquisição da iRobot seria anticompetitiva.
Enquanto o órgão antitruste britânico aprovou a compra em junho, a fusão ainda enfrentava o escrutínio da Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC).
A Comissão Europeia não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. No entanto, o órgão expressou preocupação de que a Amazon pudesse reduzir a visibilidade de produtos concorrentes ou limitar o acesso a certos rótulos, como “Amazon’s Choice”, que atraem mais compradores.
A Comissão também afirmou no ano passado que a Amazon poderia encontrar maneiras de aumentar os custos de publicidade e venda de produtos de rivais da iRobot em sua plataforma.
David Zapolsky, conselheiro geral da Amazon, atacou os reguladores e disse que os consumidores perderiam com a decisão:
“Fusões e aquisições como esta ajudam empresas como a iRobot a competir melhor no mercado global, principalmente contra companhias de países que não estão sujeitas aos mesmos requisitos regulatórios em segmentos de tecnologia de rápido movimento, como a robótica”
Zapolsky acrescentou que “obstáculos regulatórios excessivos e desproporcionais desencorajam os empreendedores, que deveriam poder ver a aquisição como um caminho para o sucesso, e isso prejudica os consumidores e a concorrência, justamente as coisas que os reguladores dizem estar tentando proteger“.
Com o fim do acordo com a Amazon, o futuro da iRobot se torna incerto. A empresa enfrenta o desafio de lidar com a reestruturação e a perda de seu CEO, além de navegar pelas turbulentas águas do mercado de robôs domésticos, cada vez mais competitivo. Resta saber se a fabricante do Roomba conseguirá encontrar um novo rumo sem o aporte e o alcance da gigante do e-commerce.
Fonte: The New York Times