O Departamento de Comércio dos EUA anunciou na quinta-feira (20) a proibição do uso do software de segurança cibernética Kaspersky em todo o território americano. A decisão, motivada por temores de que o governo russo possa estar interferindo nas operações da Kaspersky, marca um novo capítulo nas tensões entre os dois países.
Autoridades americanas há muito expressam preocupações sobre a segurança do software Kaspersky, alegando que a legislação russa concede ao governo de Vladimir Putin acesso aos sistemas da empresa e, consequentemente, aos dados de todos os seus clientes.
Uma fonte anônima revelou à Reuters que o acesso do software a um sistema de computador poderia permitir o roubo de informações confidenciais ou a instalação de malware. A lista de clientes da Kaspersky inclui provedores de infraestrutura crítica, além de governos estaduais e locais.
A secretária de Comércio, Gina Raimondo, afirmou que a Rússia demonstrou “a capacidade e a intenção de explorar empresas russas como a Kaspersky para coletar e transformar em armas informações pessoais de americanos“. Raimondo ressaltou que a decisão de proibir o software foi motivada pelo “clima geopolítico atual e preocupações teóricas, e não por uma avaliação abrangente da integridade dos produtos e serviços da Kaspersky“.
A proibição do software Kaspersky em diversos órgãos governamentais americanos já vigora há sete anos. No entanto, as preocupações persistentes levaram à decisão de adotar medidas mais drásticas.
A partir do próximo mês, as vendas de ferramentas Kaspersky serão interrompidas nos EUA. A partir de setembro, a empresa não poderá mais fornecer atualizações para o software já em uso. Empresas que ignorarem a proibição, incluindo vendedores e revendedores, poderão ser multadas pelo Departamento de Comércio.
Com sede em Moscou e escritórios em mais de 30 países, a Kaspersky atende cerca de 400 milhões de usuários e 270 mil clientes corporativos em mais de 200 países e territórios.
Até o momento, a Kaspersky Lab e o governo russo não se pronunciaram publicamente sobre a decisão. No passado, a Kaspersky afirmou ser uma empresa de gestão privada, sem vínculos com o governo russo.
Fonte: Reuters