Créditos: Arte/DALL-E

    Em um avanço notável na neurociência, um homem que ficou quase mudo após sofrer um derrame conseguiu recuperar a fala em dois idiomas diferentes graças a um implante cerebral. Este feito extraordinário foi alcançado por uma equipe de pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, e foi divulgado recentemente no periódico Nature Biomedical Engineering.

    Os pesquisadores utilizaram inteligência artificial (IA) para restaurar a fala de um paciente, apelidado de “Pancho”, que perdeu quase toda a capacidade de falar após sofrer um derrame aos 20 anos de idade. Pancho, cuja língua materna é o espanhol, também aprendeu a falar inglês, o que lhe permitiu participar do inovador estudo.

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    O implante cerebral, uma interface cérebro-computador (BCI), foi inserido no crânio de Pancho. Este dispositivo, junto com técnicas de IA, ajudou a decodificar os impulsos nervosos do cérebro, permitindo que Pancho voltasse a falar. O processo envolveu a colocação de uma matriz de eletrodos na superfície de uma área específica do cérebro responsável pelo processamento da linguagem.

    Após o derrame, Pancho perdeu a capacidade de falar e sofreu danos cognitivos. Essa condição, conhecida como Acidente Vascular Cerebral (AVC), ocorre quando o fornecimento de sangue ao cérebro é interrompido, causando danos à massa encefálica e, frequentemente, resultando em sequelas graves, como a perda da fala.

    Com a ajuda de neurologistas, Pancho conseguiu reaprender a ler e converter palavras em pensamentos para o inglês. Isso foi crucial para sua participação no projeto de pesquisa, que envolveu conectar a BCI a um sistema de computador. O treinamento intensivo durou três anos, durante os quais Pancho precisou “programar” seu cérebro para que suas ondas cerebrais fossem convertidas em palavras pelo aparelho.

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    Durante os testes, Pancho visualizava palavras na tela do computador e repetia-as mentalmente. Os eletrodos captavam suas ondas cerebrais, e um modelo de linguagem de aprendizado profundo (LLM) ajudava a interpretar e converter essas ondas em palavras. Os testes foram realizados tanto em espanhol quanto em inglês, o que permitiu a Pancho reproduzir vocabulários em ambos os idiomas.

    Foto do teste feito com o paciente, com frases em inglês e espanhol (Foto: Nature Biomedical Engineering/University of California in San Francisco [2024])

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    Os resultados foram promissores. O sistema conseguiu reconhecer quando Pancho estava falando espanhol ou inglês com uma precisão de 88%, e a taxa de sucesso na decodificação das palavras foi de 75%. Isso foi suficiente para que ele pudesse se comunicar efetivamente com a equipe de pesquisa.

    A inovação traz esperanças para pacientes que, como Pancho, perderam a capacidade de falar devido a lesões cerebrais. Este avanço abre novas possibilidades no campo da neurociência e demonstra o potencial da IA em transformar vidas, restaurando habilidades que antes pareciam irrecuperáveis.

    Fonte: Nature Biomedical Engineering 

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