A fabricante chinesa Xiaomi pretende dar um grande passo rumo à autonomia no mercado de smartphones. De acordo com a DigiTimes, a empresa vai “revelar oficialmente” seu primeiro chipset personalizado de 3 nanômetros em 2025, um movimento que pode impactar significativamente o setor, ameaçando a posição dominante de Qualcomm e MediaTek.
Sem uma data específica, especialistas acreditam que o desenvolvimento da tecnologia já está em estágio avançado, com a Xiaomi procurando intensificar sua parceria com a TSMC, uma das maiores fabricantes de semicondutores do mundo.
Nos últimos anos, a Xiaomi — assim como outras fabricantes de smartphones Android — dependeu de chipsets prontos fornecidos por gigantes do setor como Qualcomm e MediaTek.
Contudo, com os custos crescentes de aquisição de componentes e a necessidade de aumentar a margem de lucro, a Xiaomi decidiu seguir os passos de outras empresas como a Apple, que desenvolve seus próprios chips e que será a primeira a receber chips de 2 nm da TSMC — também em 2025.
A empresa completou recentemente o tape-out (a fase final do design) de seu primeiro chipset de 3nm, o que indica que o processo de produção em massa está próximo de se concretizar.
A produção será possível graças à colaboração com a TSMC, que, por sua vez, tem lidado com um mercado cada vez mais pressionado por sanções comerciais. Recentemente, a TSMC anunciou que não fornecerá mais chips de 7nm a empresas chinesas, sob direção dos Estados Unidos.
Claro, o contexto geopolítico gera dúvidas sobre o futuro da produção do chipset da Xiaomi e, possivelmente, sobre a necessidade de licenças especiais para que a empresa consiga adquirir os componentes.
A tentativa de autonomização da Xiaomi não passa despercebida em termos de política internacional. A medida ocorre em um momento em que empresas chinesas enfrentam intensa fiscalização e sanções, principalmente no setor de tecnologia.
Companhias como Huawei foram duramente afetadas por restrições ao acesso à tecnologia americana, e, embora a Xiaomi tenha, até agora, evitado ser alvo direto de sanções, há preocupações de que o lançamento de um SoC (System-on-Chip) tão avançado poderia colocar a empresa sob escrutínio internacional.
Em agosto, foi especulado que a Xiaomi também poderia lançar um chip com processo de 4nm em parceria com a TSMC, que entregaria uma performance semelhante ao Snapdragon 8 Gen 1, lançado pela Qualcomm.
As iniciativas mostram que a Xiaomi está realmente interessada em construir um portfólio próprio de chips para os seus dispositivos, o que pode, a longo prazo, torná-la uma competidora mais independente e ágil neste mercado altamente competitivo.
Fonte: DigiTimes