A Starlink, empresa de internet via satélite de Elon Musk, surpreendeu seus clientes no Brasil ao modificar seu sistema de cobrança e encarecer o serviço. A mudança ocorreu após o bloqueio das contas da empresa no país, determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em agosto deste ano.

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    Os usuários brasileiros da Starlink foram pegos de surpresa ao receberem suas faturas de setembro. Sem aviso, a empresa passou a cobrar os serviços por meio de uma conta em Dublin, na Irlanda, resultando em um aumento de cerca de 10% no valor final.

    O encarecimento se deve à variação do dólar e à incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Um cliente com plano residencial relatou que sua mensalidade saltou de R$ 235 em agosto para R$ 256,98 em setembro, sendo R$ 10,78 referentes ao IOF.

    Outro usuário do Brasil, que possui o plano móvel da Starlink, informou ter pago R$ 611,11 em setembro, dos quais R$ 25,64 correspondem ao IOF. Vale ressaltar que a empresa já havia anunciado em agosto um reajuste desse plano para R$ 450, mais impostos.

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    A decisão de bloquear as contas da Starlink no Brasil foi tomada pelo ministro Alexandre de Moraes como parte de uma estratégia para forçar o pagamento de multas acumuladas pelo X (antigo Twitter), que somam quase R$ 20 milhões. Moraes argumenta que ambas as empresas fazem parte do mesmo “grupo econômico de fato”, tendo Elon Musk como acionista comum.

    Diante dessa situação, a Starlink enviou um comunicado aos seus clientes no final de agosto, afirmando seu compromisso em defender seus direitos constitucionais. A empresa chegou a mencionar a possibilidade de fornecer internet gratuita aos usuários, caso fosse necessário, enquanto lida com a questão por meios legais.

    Nos termos e condições da Starlink, enviados aos clientes do Brasil no momento da assinatura, consta que o consumidor é responsável por taxas adicionais, incluindo encargos governamentais e outros tributos impostos sobre a venda ou o uso dos serviços.

    Especialistas em direito consultados pela imprensa expressaram reservas quanto à decisão do “bloqueio cruzado” das contas, questionando a legalidade e a proporcionalidade da medida.

    Recentemente, Elon Musk tem dado sinais de que pretende recuar no embate com o Supremo Tribunal Federal. O X comunicou ao STF que estabelecerá um novo representante legal da plataforma no Brasil e bloqueou perfis alvos de decisões judiciais.

    No entanto, o ministro Alexandre de Moraes mantém uma postura cética em relação a esses movimentos. Ele aplicou uma multa diária de R$ 5 milhões às empresas de Musk pela suposta manobra que permitiu que a plataforma X ficasse disponível para usuários brasileiros, mesmo após o bloqueio determinado em 30 de agosto.

    Os impactos financeiros sobre a Starlink e a queda no número de usuários do X teriam sido fatores determinantes para a mudança de atitude da empresa, que agora busca uma postura mais colaborativa com o Supremo Tribunal Federal.

    Fonte: Folha

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