O primeiro mineirinho chamou muita atenção por ser um jogo um tanto quanto BUGADO. Apesar de o criador do jogo não gostar da reputação que seu projeto teve, fato é que ainda assim é um game amado demais.

    Muitas vezes, o desenvolvimento de um jogo não sai como esperado e quando estamos começando é normal que ele não chegue aos pés do que já está no mercado. Nós estamos acostumados a encontrar títulos AAA e a receber gráficos incríveis, longas histórias, missões secundárias e diversas opções de gameplay. Mas a realidade do desenvolvedor indie é completamente outra.

    Estúdios grandes, e já falei isso algumas vezes aqui, têm uma estrutura gigante. Desde computadores modernos prontos para rodar os softwares mais robustos até profissionais que estão na área às vezes mais de 15 anos.

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    COOP no melhor game da história

    Imagine que você é iniciante e trabalha em um projeto da EA Games ou da Rockstar Games. O seu dia a dia é aprender diretamente com os profissionais mais picas do mercado a como fazer seja lá o que você tá fazendo no jogo que está sendo criado pelo estúdio. Você aprende muito, o que você está fazendo é revisado (nem sempre como deve) e você consegue entregar algo de muito mais qualidade.

    Agora pense que você está criando um jogo do zero sozinho. Nesse cenário o seu jogo não será apenas mais limitado, é de se esperar que também o que você vai oferecer seja de menor qualidade.

    Jogo do Mineirinho. O personagem principal escorregando.

    Quando passamos isso para o cenário nacional, em que o acesso a hardware de qualidade é difícil, o acesso ao conhecimento é limitado e o custo de vida é alto, a realidade fica bem menos divertida.

    Pra você que pode estar interessado em fazer o download do jogo, saiba que ele está disponível para comprar na Steam.

    Seja o jogo padrão ou o Ultra Adventures 2, tanto faz, esta é uma obra prima que merece respeito.

    Desenvolvimento de jogos e os padrões da indústria

    Não entendi porque falam mal do jogo do Mineirinho, que apesar de bugado só me fez rir. Isso gera algumas reflexões chatas que vou fazer aqui.

    O primeiro ponto curioso é que Mineirinho utiliza partes do teclado que eu nem sabia que existe, mas o interessante nisso é que o desenvolvedor não está exatamente errado escolhendo essas teclas. Apesar de menos óbvias elas não ficam muito distantes umas das outras e são fáceis de serem utilizadas.

    Seres bizarros conversam sobre alimento em Mineirinho

    A questão aqui é que nós viemos de anos e anos de uma indústria que repete alguns padrões. Por padrão, você já espera que a tecla “ESC” abra o Menu, que enter confirme, que barra de espaço pule. Aos poucos foram sendo criadas exigências que bem no começo simplesmente não existiam. São convenções, acordos coletivos que determinam que algo é do jeito que é.

    Mesmo os controles não precisavam ser da forma como são, mas foram os que ficaram mais populares. Em alguns casos algumas pessoas vão preferir jogar com teclado e mouse, outras com Gamepad, outras com Joystick, vai de cada um. Mas o mais comum é a utilização de um controle no estilo de console para jogos de carro, luta, e mouse e teclado pra jogos de tiro.

    Um game clássico para poucos

    Mas isso tem relação com a popularização dos gêneros. A Valve, com a Steam, popularizou na década de noventa Half-Life no computador e não nos consoles. Counter Strike surgiu na mesma época, um jogo de tiro jogado com mouse e teclado. Quem sabe o caminho teria sido diferente se Gabe Newell tivesse implacado um console com CS em vez de um PC.

    Enfim, Mineirinho é um retrato do que vivemos no desenvolvimento de jogos quando fazemos de forma mais isolada ignorando um pouco o contexto global. Faça um experimento, crie seu próprio jogo e perceba como você está seguindo padrões pré-determinados. Tente mudar qualquer coisinha, uma tecla fora do convencional, e receba feedback negativo.

    Para criar jogos, você precisa ficar atento a esses detalhes e jogar com eles ao seu favor. Mineirinho foi tão fora da curva que o jogo se transformou num marco enorme para a indústria de games nacional.

    Gameplay: Mineirinho Hoversurfboard (DLC)

    Graças ao sucesso (ou a falta dele) do primeiro jogo, uma DLC foi lançada, muitos conhecem ela como Ultra Adventures 2, mas na verdade o seu título certo tem Hoversufboard. Nada fácil.

    O game tem uma mecânica incrível em que é possível passar praticamente toda a primeira etapa voando com uma prancha (que mais parece um apoio pra passar roupa).

    É nada fácil criar um jogo e o Mineirinho é a prova que o brasileiro não se intimida em nenhum mercado. Nada impede o sonho do brasileiro.

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