Em uma operação que abalou o submundo digital do Brasil, a Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quinta-feira (26) a Operação Mercado de Dados, visando desmantelar uma sofisticada organização criminosa. O grupo, liderado por um hacker considerado um dos mais habilidosos do Brasil, é acusado de obter e vender fraudulentamente dados de beneficiários do Instituto Nacional de Segurida de Social (INSS).

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    As investigações, iniciadas em setembro de 2023, revelaram um esquema complexo que envolvia hackers de alto nível, servidores corruptos do INSS e intermediários. O grupo, com ramificações em diversos estados, incluindo São Paulo, Minas Gerais e Alagoas, utilizava técnicas avançadas de invasão cibernética para acessar diretamente o banco de dados do INSS.

    O líder da organização, cuja identidade não foi divulgada pela PF, é descrito como um dos invasores de sistemas informatizados mais habilidosos já investigados no país. Sua expertise permitia burlar métodos de autenticação multifator, alterar níveis de acesso de credenciais de servidores e até mesmo utilizar certificados digitais de funcionários do INSS.

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    A operação mobilizou um grande contingente policial, com o cumprimento de 29 mandados de busca e 18 de prisão preventiva em nove estados brasileiros e no Distrito Federal. Entre os alvos, além do hacker principal, estão três servidores e um estagiário do INSS, evidenciando a infiltração da organização na própria estrutura da autarquia.

    O esquema criminoso não se limitava apenas à obtenção dos dados. A organização comercializava as informações para terceiros interessados em consultas simples ou, mais gravemente, para fins ilícitos como a contratação indevida de empréstimos consignados e saques irregulares de benefícios previdenciários.

    A magnitude da operação criminosa ficou evidente com as medidas judiciais impostas. O Juízo da 4ª Vara Criminal Federal de Cascavel (PR) determinou o sequestro de 24 imóveis pertencentes aos integrantes da quadrilha, além do bloqueio de recursos financeiros nas contas bancárias utilizadas pelo grupo, totalizando um montante de R$ 34 milhões.

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    A investigação contou com o apoio crucial do Ministério da Previdência, por meio da Coordenação de Inteligência da Previdência Social, demonstrando um esforço conjunto na luta contra crimes cibernéticos que afetam diretamente milhões de brasileiros beneficiários do INSS.

    Os envolvidos enfrentarão acusações graves, incluindo organização criminosa, corrupção, invasão de dispositivos informáticos, violação de sigilo funcional, obtenção e comercialização de dados sigilosos, e lavagem de capitais. Se condenados, as penas somadas podem ultrapassar 15 anos de prisão, refletindo a severidade dos crimes cometidos.

    Esta operação da Polícia Federal ressalta a crescente sofisticação dos crimes cibernéticos no Brasil e a necessidade de constante vigilância e atualização dos sistemas de segurança digital, especialmente em instituições que lidam com dados sensíveis de milhões de cidadãos.

    Fonte: Metrópoles

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