Em uma das maiores derrotas judiciais da história das big techs, o Google foi condenado a pagar uma multa de R$ 14 bilhões após um processo iniciado por um casal britânico que teve seu negócio digital praticamente destruído pela gigante das buscas.
Shivaun e Adam Raff, criadores do site de comparação de preços Foundem, travaram uma batalha judicial de 15 anos contra a empresa de tecnologia após perceberem que seu site havia sido penalizado injustamente pelo algoritmo do Google.
O caso começou em junho de 2006, quando o casal lançou sua plataforma inovadora que permitia aos usuários comparar preços de diversos produtos – de roupas a passagens aéreas – em um único lugar.
No entanto, logo após o lançamento, o site foi atingido por uma penalidade automática do sistema de busca do Google, que o empurrou para as últimas posições nos resultados de pesquisa relevantes.
“Estávamos monitorando nossas páginas e como elas estavam sendo classificadas. Então vimos todas elas despencarem quase imediatamente“, relatou Adam, que aos 58 anos relembra o momento devastador.
Após inúmeras tentativas frustradas de contato com o Google durante dois anos, o casal começou a suspeitar que não se tratava apenas de um erro do sistema, mas sim de uma prática anticompetitiva.
A suspeita se confirmou em 2017, quando a Comissão Europeia concluiu que o Google havia promovido ilegalmente seu próprio serviço de comparação de compras nos resultados de pesquisa, enquanto prejudicava deliberadamente os concorrentes.
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O processo judicial, que se arrastou por mais de uma década, culminou em setembro de 2023 com a decisão final do Tribunal de Justiça Europeu, que rejeitou todos os recursos do Google e manteve a multa recorde.
Apesar da vitória histórica, o casal foi forçado a encerrar as atividades do Foundem em 2016, após anos de prejuízos causados pelo boicote do Google. “Se o tráfego para o seu site for negado, você não tem um negócio“, explicou Adam.
O caso abriu precedentes importantes para a regulamentação das grandes empresas de tecnologia e revelou que cerca de outras 20 empresas, incluindo Kelkoo, Trivago e Yelp, também foram prejudicadas por práticas semelhantes.
Atualmente, o casal segue em uma ação civil contra o Google, com julgamento previsto para 2026, enquanto a Comissão Europeia continua investigando possíveis práticas anticompetitivas da empresa sob a nova Lei de Mercados Digitais.
O Google, por sua vez, mantém sua posição e contesta as alegações. Em nota, a empresa afirmou que as mudanças implementadas em 2017 “funcionaram com sucesso por mais de sete anos, gerando bilhões de cliques para mais de 800 serviços de comparação de compras.“
Fonte: BBC