Os satélites de Elon Musk, que prometem revolucionar o acesso à internet global, estão causando preocupação entre astrônomos do mundo todo. A Starlink, serviço de internet via satélite operado pela SpaceX, empresa do bilionário, já possui cerca de 6 mil satélites orbitando a Terra, com planos de dobrar esse número até 2027.

    Enquanto a iniciativa visa conectar 2,6 bilhões de pessoas sem acesso à internet, conforme dados da ONU, ela também representa um desafio significativo para a comunidade científica. A presença massiva desses satélites na órbita terrestre está interferindo nas observações astronômicas, comprometendo imagens cruciais para pesquisas.

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    O problema principal reside na natureza reflexiva dos satélites. Projetados para refletir sinais de volta à Terra, esses equipamentos também refletem a luz solar, criando rastros luminosos nas imagens capturadas por telescópios. Esse fenômeno, apelidado de “photobombing” espacial, prejudica a qualidade das observações astronômicas.

    A situação é particularmente crítica para observações que requerem longos tempos de exposição. Imagens de objetos celestes distantes, que emitem luz fraca, são especialmente vulneráveis à interferência dos satélites, resultando em fotos com riscos brancos que comprometem os dados científicos.

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    O impacto não se limita apenas à astronomia óptica. Radiotelescópios, fundamentais para descobertas como a primeira imagem de um buraco negro, também enfrentam desafios. Os sinais emitidos pelos satélites podem se misturar às frequências estudadas, prejudicando a qualidade das observações.

    A União Astronômica Internacional (IAU) já manifestou preocupação com o aumento desenfreado de satélites em órbita. Um estudo recente da organização aponta para riscos além da interferência visual, incluindo a possível ameaça à nossa capacidade de detectar asteroides potencialmente perigosos.

    Tentativas de mitigar o problema, como pintar os satélites com tinta não reflexiva, não obtiveram sucesso. A solução levou ao superaquecimento dos equipamentos, comprometendo seu funcionamento. Outras alternativas de posicionamento reduziram a reflexividade, mas não o suficiente para atender aos padrões recomendados pela IAU.

    O congestionamento orbital causado pela proliferação de satélites também apresenta desafios para futuras missões espaciais. A necessidade de manobras para evitar colisões entre satélites e com detritos espaciais torna-se cada vez mais complexa e frequente.

    Cientistas agora levantam preocupações adicionais sobre o impacto ambiental desses satélites. Pesquisas recentes sugerem que metais provenientes de satélites em decomposição na atmosfera podem potencialmente danificar a camada de ozônio, embora mais estudos sejam necessários para confirmar essa relação.

    A ausência de regulamentações internacionais para lidar com o congestionamento de satélites agrava a situação. Atualmente, o diálogo entre instituições astronômicas e empresas espaciais privadas é a principal forma de abordar o problema, enquanto organizações como o Comitê das Nações Unidas para o Uso Pacífico do Espaço Exterior (COPUOS) começam a incluir o tema em suas agendas.

    Enquanto a Starlink não é a única empresa a lançar constelações de satélites, sua posição como líder no setor a coloca no centro das discussões. Com mais de 6 mil satélites ativos, a empresa de Musk tem uma responsabilidade significativa na busca por soluções que equilibrem o avanço tecnológico com a preservação da pesquisa astronômica.

    Fonte: Galileu

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