Em uma demonstração clara do progresso da China em direção à autossuficiência tecnológica, a Huawei lançou recentemente o laptop Qingyun L540, um dispositivo que incorpora componentes e software majoritariamente chineses. Este lançamento marca um passo significativo na campanha de localização tecnológica do país, conhecida como Xinchuang, ou “inovação em aplicação de TI“.

    O Qingyun L540 da Huawei, descrito como “seguro e confiável”, é equipado com um processador projetado internamente e um sistema operacional desenvolvido na China. O dispositivo tem sido amplamente adotado por governos e empresas estatais em todo o país, simbolizando o esforço nacional para reduzir a dependência de tecnologia estrangeira.

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    A iniciativa Xinchuang ganha força em um momento em que as restrições impostas por Washington à exportação de produtos de alta tecnologia para a China se intensificam. Em resposta, o presidente Xi Jinping enfatizou a necessidade de acelerar o desenvolvimento doméstico de semicondutores, ferramentas e softwares essenciais.

    O governo chinês está utilizando seu poder de compra e oferecendo apoio financeiro para impulsionar a adoção de tecnologia local. Uma diretriz recente orienta os compradores estatais a eliminarem gradualmente computadores com processadores americanos, favorecendo chips de empresas chinesas como Huawei, Shanghai Zhaoxin e Phytium.

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    A campanha de localização tecnológica não se limita apenas aos computadores. Fabricantes de automóveis, incluindo grandes grupos europeus com joint ventures na China, foram orientados a aumentar o uso de semicondutores domésticos. O Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação (MIIT) estabeleceu uma meta ambiciosa de 25% de chips chineses nos carros produzidos até o próximo ano.

    O setor de telecomunicações também está sendo impactado por essa tendência. A China Telecom, empresa estatal, recentemente licitou 150 mil servidores, reservando dois terços do pedido para equipamentos com processadores domésticos.

    O laptop Qingyun da Huawei exemplifica essa transição tecnológica. Além do hardware, o dispositivo roda o Sistema Operacional Unity, baseado em Linux e desenvolvido na China. Os aplicativos instalados, incluindo suítes de produtividade, são todos de origem chinesa.

    No entanto, o caminho para a completa independência tecnológica ainda apresenta desafios. Análises revelaram que o laptop Qingyun ainda contém alguns componentes estrangeiros, como chips de memória da sul-coreana SK Hynix e um hub controlador USB da americana Microchip.

    Especialistas, como Lin Qingyuan da Bernstein, observam que, embora a política Xinchuang tenha acelerado a adoção de tecnologia local, as sanções americanas têm sido um catalisador significativo para essa mudança. “Quando as empresas não têm escolha, isso cria um mercado para os jogadores locais”, afirma Lin.

    A análise da TechInsights mostrou que a maioria dos chips importantes no laptop Qingyun foi projetada por grupos chineses, representando cerca de US$ 109 dos US$ 182 do valor total dos circuitos integrados no dispositivo.

    Fonte: FT

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