Com o crescimento de dispositivos eletrônicos capazes de fazer inúmeras funções, o custo da energia elétrica tem aumentado consideravelmente, tornando-se uma preocupação crescente para muitas famílias e empresas.

    De acordo com um levantamento da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), entre 2015 e 2021, a tarifa de energia elétrica residencial teve um aumento médio anual de 16,3%, enquanto a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou uma variação anual de apenas 6,7% no mesmo período. Isso resultou em um aumento acumulado de 114% nas tarifas de energia elétrica, significativamente acima da inflação acumulada de 48%​.

    Esse aumento acentuado nitidamente tem levado os consumidores a repensarem suas práticas de consumo energético. Afinal, além do impacto financeiro direto, o aumento das tarifas também é reflexo de um problema estrutural no setor de energia elétrica do Brasil.

    A maioria dos consumidores está no chamado mercado cativo, onde não há liberdade para escolher o fornecedor de energia, resultando em menos competição e, consequentemente, preços mais altos. Em contraste, no mercado livre de energia, onde os consumidores podem negociar diretamente com os fornecedores, os preços aumentaram apenas 36% no mesmo período, 25% abaixo da inflação​.

    Outro fator que motiva a preocupação com o consumo de energia é a variação nas tarifas de acordo com as bandeiras tarifárias. Estas bandeiras — verde, amarela ou vermelha — são determinadas pelas condições de geração de energia no país e impactam diretamente o valor final da conta de luz.

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    Em períodos de escassez hídrica, por exemplo, a dependência de termelétricas, que têm custo de geração mais elevado, pode levar ao acionamento da bandeira vermelha, aumentando ainda mais os custos para o consumidor.

    Para enfrentar esses desafios, muitas pessoas estão adotando hábitos e investindo em produtos que ajudam a economizar energia. A busca por alternativas mais eficientes se tornou uma necessidade para minimizar o impacto das constantes altas nas tarifas e para promover um uso mais consciente dos recursos energéticos disponíveis.

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    Pequenas mudanças no dia a dia podem fazer uma grande diferença no consumo energético de uma casa. Por isso, a seguir listamos algumas práticas recomendadas para maximizar a eficiência do uso de eletrônicos:

    Muitos aparelhos continuam consumindo energia mesmo quando estão desligados, mas permanecem conectados à tomada. Esse consumo, conhecido como “stand-by” ou “energia vampira”, pode representar até 10% do consumo total de uma residência.

    Logo, desconectar esses aparelhos quando não estão em uso pode reduzir a conta de luz com um volume até que relevante.

    Equipamentos que possuem o selo Procel de eficiência energética (categoria A) são projetados para consumir menos energia sem perder desempenho.

    Esses produtos passam por rigorosos testes que avaliam seu consumo, e investir neles pode resultar em economias substanciais ao longo do tempo.

    As lâmpadas LED são até 80% mais eficientes do que as lâmpadas incandescentes e fluorescentes, consumindo menos energia para fornecer a mesma quantidade de luz.

    Além disso, possuem uma vida útil significativamente mais longa, reduzindo a necessidade de substituição frequente e o custo associado a essa manutenção.

    Sempre que possível, utilize a iluminação natural para evitar o uso de lâmpadas durante o dia. Mantenha cortinas e persianas abertas, principalmente em áreas de maior circulação como salas e cozinhas, para maximizar a entrada de luz solar.

    Instalar sensores de presença em áreas de passagem, como corredores, garagens e banheiros, pode evitar que luzes sejam deixadas acesas desnecessariamente. Esses sensores garantem que a iluminação seja utilizada apenas quando alguém está presente no local, o que reduz o desperdício de energia.

    Equipamentos como ar-condicionado e geladeiras devem ser limpos e verificados periodicamente para garantir que estão funcionando de maneira eficiente.

    Por exemplo, limpar os filtros do ar-condicionado pode melhorar sua eficiência energética, reduzindo o consumo de energia.

    Com o uso de assistentes virtuais e dispositivos inteligentes (IoT), é possível criar rotinas que controlam automaticamente o uso de energia, como desligar as luzes quando não há ninguém em casa ou ajustar o termostato em horários pré-determinados.

    Esse tipo de automação oferece conveniência e ainda otimiza o consumo de energia de forma eficiente.

    Dispositivos inteligentes, como assistentes virtuais (ex.: Alexa, Google Home, ChatGPT), robôs-aspiradores e termostatos inteligentes, assim como controles universais Wi-Fi com infravermelho permitem um controle automatizado e eficiente do consumo de energia em casa.

    Esses aparelhos podem ser programados via smartphone para desligar luzes, ajustar a temperatura do ar-condicionado ou até mesmo desligar aparelhos em stand-by automaticamente, evitando o desperdício de energia.

    Controle Universal Wi-Fi – Divulgação/Elgin

    Com rotinas personalizáveis, eles entregam uma forma prática de gerenciar o uso de energia, contribuindo para uma redução significativa na conta de luz.

    As marcas reconhecidas no mercado nacional que oferecem este tipo de solução são:

    • Amazon
    • Elgin
    • Geonav
    • Google
    • Hikvision
    • i2GO
    • Intelbras
    • KaBuM! Smart
    • Multi (Liv)
    • Philips Hue
    • Positivo Casa Inteligente
    • Sonoff
    • Steck
    • Tapo (TP-Link)
    • Xiaomi (Yeelight)

    Embora façam parte dos dispositivos inteligentes, os plugues e interruptores merecem uma seção à parte por serem extremamente valiosos para economizar a conta de luz.

    Isso porque eles possibilitam transformar qualquer dispositivo eletrônico em um dispositivo inteligente, possibilitando que os usuários liguem e desliguem aparelhos remotamente via smartphone ou programem horários específicos para o funcionamento de determinados eletrônicos.

    Smart Plug Wi-Fi – Divulgação/Positivo Casa Inteligente

    Muitos modelos, inclusive, trazem recursos de software com monitoramento de consumo de energia, ajudando os usuários a identificar quais aparelhos consomem mais e em quais horários, permitindo ajustes mais eficientes.

    Lâmpadas, luminárias e fitas LED são uma das soluções mais simples e eficazes para reduzir o consumo de energia.

    Comparadas às lâmpadas incandescentes e fluorescentes, as lâmpadas LED consomem até 80% menos energia e têm uma vida útil significativamente mais longa. Isso não apenas reduz os custos com energia, mas também diminui a frequência de substituição das lâmpadas, gerando economia adicional ao longo do tempo.

    Lâmpada LED – Divulgação/Intelbras

    Sem falar que as lâmpadas LED estão disponíveis em uma ampla variedade de cores (RGB) e intensidades, fornecendo flexibilidade na iluminação de ambientes.

    O ar-condicionado inverter é conhecido por sua alta eficiência energética. Ao contrário dos modelos convencionais, que ligam e desligam o compressor para manter a temperatura desejada, os modelos inverter ajustam continuamente a velocidade do compressor para manter uma temperatura estável, evitando picos de consumo de energia.

    Ar-condicionado Inverter – Divulgação/LG

    O resultado pode levar a uma economia de até 60% na conta de luz em comparação com os modelos tradicionais. Ah, e eles tendem a ter uma vida útil mais longa devido ao menor desgaste do compressor.

    Se você vive em ambientes de temperaturas extremas o ano todo, o impacto é absurdamente considerável.

    O chuveiro a gás é uma alternativa eficiente ao amado chuveiro elétrico, que foi criado no Brasil, mas que infelizmente em regiões onde o preço do gás é mais competitivo que o da eletricidade não tem compração.

    O uso do gás para aquecimento da água reduz a dependência da eletricidade, o que pode resultar em uma economia significativa, especialmente durante os meses de inverno ou em residências com famílias grandes.

    Reprodução/DALL-E

    Vale lembrar que o chuveiro a gás não sofre com os mesmos picos de consumo de energia elétrica que os chuveiros elétricos, tornando-o uma opção mais estável e previsível para reduzir os custos com energia.

    Os painéis fotovoltaicos representam uma das melhores soluções de longo prazo para economizar na conta de luz, principalmente se na sua residência ou empreendimento você pretende ficar por longos anos.

    Reprodução/Metalsol

    Eles funcionam captando a luz do sol e a convertem em energia elétrica, reduzindo a dependência da rede elétrica convencional. Embora o investimento inicial possa ser elevado, o retorno financeiro pode ser significativo ao longo da vida, com reduções de até 95% na conta de energia, dependendo da quantidade de energia gerada e consumida.

    Importante dizer que a energia solar é uma fonte limpa e renovável, contribuindo para a sustentabilidade ambiental.

    riado pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) e coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, o selo tem como objetivo orientar o consumidor na escolha de produtos que consomem menos energia e, ao mesmo tempo, promovem o uso eficiente dos recursos energéticos.

    Divulgação/gov.br

    O selo Procel é uma etiqueta afixada em diversos aparelhos elétricos, como refrigeradores, aparelhos de ar-condicionado, lâmpadas, e máquinas de lavar, indicando sua eficiência energética.

    Os produtos que recebem o selo são classificados de acordo com o seu consumo de energia, variando de “A” (mais eficiente) a “G” (menos eficiente). Além disso, o selo também pode trazer informações adicionais sobre o consumo mensal estimado de energia do produto e sua performance em condições específicas de uso.

    Elemento do Selo ProcelDescriçãoImportância
    Classificação de Eficiência EnergéticaIndica o nível de eficiência energética do produto, variando de “A” (mais eficiente) a “G” (menos eficiente).Produtos com classificação “A” consomem menos energia, resultando em maior economia na conta de luz.
    Consumo Mensal EstimadoEstimativa de consumo de energia do produto em kilowatt-hora (kWh) por mês.Permite ao consumidor prever o impacto do uso do aparelho na conta de luz, facilitando a comparação entre modelos.
    Informações sobre RuídoNo caso de aparelhos como ar-condicionado, o selo pode indicar o nível de ruído gerado em decibéis (dB).Ajuda na escolha de produtos mais silenciosos, que oferecem maior conforto no uso diário.
    Capacidade de RefrigeraçãoPara refrigeradores e congeladores, informa a capacidade de refrigeração em litros.Vital para avaliar se o tamanho e a eficiência do produto atendem às necessidades do consumidor.
    Consumo em Stand-byIndica o consumo de energia quando o aparelho está no modo de espera (stand-by).Informações úteis para identificar produtos que consomem energia mesmo quando não estão em uso ativo.
    Durabilidade e Ciclos de VidaPara alguns produtos, o selo pode incluir informações sobre a vida útil ou o número de ciclos de operação (como em máquinas de lavar).Proporciona uma visão sobre a durabilidade do produto e seu desempenho ao longo do tempo.

    Ao analisar o selo Procel, o consumidor deve entender as classificações:

    ClassificaçãoDescrição da Eficiência EnergéticaConsumo de EnergiaExemplo de Produto
    AAlta eficiência energética. Aparelhos que consomem menos energia.Consumo significativamente reduzido.Refrigerador classe A, ar-condicionado inverter.
    BBoa eficiência energética, mas um pouco menos eficiente que a classe A.Consumo moderadamente superior à classe A.Televisores LED, máquinas de lavar modernas.
    CEficiência energética média. Consome mais energia do que os produtos das classes A e B.Consumo de energia maior; custo operacional mais alto ao longo do tempo.Lâmpadas fluorescentes, fornos elétricos básicos.
    DEficiência energética abaixo da média.Consumo relativamente alto.Alguns modelos de micro-ondas e geladeiras.
    EBaixa eficiência energética.Consumo de energia elevado, não recomendado para uso prolongado.Ventiladores antigos, alguns aquecedores elétricos.
    FEficiência energética muito baixa.Consumo muito elevado; custo operacional alto.Aparelhos antigos ou de baixa tecnologia.
    GEficiência energética mínima. Aparelhos menos eficientes no mercado.Consumo extremamente alto; geralmente não recomendado para o uso.Lâmpadas incandescentes, produtos fora de linha

    Portanto, ao considerar as próximas atualizações ou investimentos em sua casa, explorar tecnologias de gestão energética avançada pode ser o próximo passo lógico e vantajoso, permitindo um controle mais abrangente e sofisticado sobre o consumo de energia e contribuindo para um impacto ambiental positivo que beneficiará a todos no longo prazo.

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